Tudo começou em meados de novembro.
Antes da consulta de um mês eu já tinha observado que o Bruninho estava com um fungadinho diferente e uma tosse. Parecia um resfriado. Durante a consulta com a pedi eu comentei sobre isso, mas ela achava que não era nada demais. Mesmo assim ela passou um hemograma só para ver se estava tudo bem. Hemograma em mãos, eu ligo pro consultório da pedi e ela está viajando e não sabe quando volta. Ligo para outra pedi da minha confiança e fico sabendo que ela está de férias...
Nisso a tosse do Bruninho já tava bem mais intensa e eu não podia mais ficar esperando a boa vontade dos pedis né? Corri pra emergência pediátrica na cidade vizinha. 4 horas, muita reclamação e muitas crises de tosse depois resolveram adiantar a gente na fila de espera. O pedi viu, analisou e concluiu que era um resfriado junto com uma tosse alérgica e um xarope usado junto com o antialérgico ia resolver o problema em 5 dias.
5 dias depois a medicação não fez efeito nenhum e a tosse agora já durava mais de 1 minuto. Não era uma tosse comum. Ele tossia e puxava o ar, que nunca vinha. Parecia que estava com falta de ar. E estava mesmo! Num sábado a tosse chegou ao extremo. Bruninho tossiu tanto que sufocou! Foi tossindo, tossindo, tossindo, ficando molinho e depois roxinho. Eu tinha a sensação de que ele estava entalado com alguma coisa. Secreção talvez. Mas eu não sabia!
A mãe e o pai desesperados correram com ele pro hospital. Ele já tinha recuperado o fôlego, mais eu precisava saber o que estava acontecendo. Quando a pedi do plantão veio nos ver ela disse "aqui não é lugar para mãe desesperada não" (oi?). Prontamente eu perguntei a ela se era pra eu ficar em casa vendo meu filho sufocando sem ar. Foi quando Bruninho teve mais uma crise de tosse e ela não disse nada, só passou medicação e mandou darem nebulização e depois estávamos liberados.
Quando cheguei em casa liguei pro pedi da cidade vizinha. Ele disse que no domingo estaria de plantão na emergência pediátrica e que eu fosse lá para ele atender o Bruninho. No domingo cedinho marido e eu corremos pra lá. Bruninho já chegou tendo crise de tosse (era sempre assim, se ele estivesse quietinho a tosse não aparecia, mas era só mexer nele um pouquinho que ele começava a tossir e não parava mais). A enfermeira passou ele na frente da fila de espera. O pedi o examinou e Bruninho teve mais uma crise. O pedi observou tudo com muita atenção e concluiu que a tosse tinha indícios de uma tosse coqueluchoide e que a medicação que a louca do plantão passou estava correta (antibiótico, Eritromicina de 6 em 6 horas durante 10 dias). Ele só complementou com nebulização caseira e mandou aspirar as narinas e a garganta do Bruninho.
E assim seguimos. Bruninho tendo crises e mais crises de tosse até que o antibiótico fizesse efeito. As piores crises sempre eram de madrugada, sendo assim, ninguém dormia com medo que ele sufocasse e ninguém percebesse. Ele a cada crise forçava tanto pra tossir que vomitava, mas não era vomitando a comida, vomitava a secreção gosmenta e transparente e ficava presa na garganta dele.
Na terça ele teve mais uma crise de tosse e ficou roxo. Corro pro hospital mais uma vez e dessa vez a pedi do plantão disse que era realmente coqueluche (doença respiratória, altamente contagiosa, causada por uma bactéria, transmitida através do ar que pode causar pneumonia). Ela perguntou a medicação que ele estava tomando e disse que ele já estava fazendo o tratamento certo. Agora não tinha mais nada a ser feito a não ser esperar e notificar a secretaria de saúde. Ela disse que ele ficaria muito mais aliviado se eu pudesse dar nebulização cm oxigênio no lugar de nebulizar com a maquininha caseira. Como a coqueluche é uma doença respiratória e pode causar pneumonia, o oxigênio é muito mais eficaz.
No dia seguinte marido foi alugar um balão de oxigênio e depois que Bruninho começou a fazer a inalação com ele, ficou muito melhor e mais aliviado. A secretaria de saúde veio aqui em casa e queria saber de quem foi que ele pegou a coqueluche. Eu disse que não tinha como saber, porque desde que ele nasceu recebeu muitas visitas e as pessoas da casa entram e saem o tempo todo. Não tinha como eu saber quem foi o transmissor. Eles queriam que Bruninho fizesse um exame para confirmar a coqueluche, mas ele já estava fazendo uso do antibiótico, de nada adiantaria o exame. Mas eles pediram para que todos aqui de casa tomassem o antibiótico para evitar contaminação. Eu tive uma séria intolerância a medicação e fiquei doente. Se esse remédio fez isso comigo, imagina o que não fazia com o Bruninho?? Meu Deus!!
Seguimos dando o antibiótico e fazendo nebulização. 10 dias depois do tratamento com o antibiótico nós o interrompemos e as crises de tosse do Bruninho diminuíram drasticamente. O bom é que ele é um menino forte, o leite materno teve toda influência nisso! Ele não teve febre e o pulmão dele sempre esteve limpo. Ele não perdeu apetite, não perdeu peso e não perdeu o bom humor. Sempre brincava e interagia com todos.
Hoje ele está 95% melhor. Não digo 100% porque coqueluche deixa um resquício de tosse por um tempo, então ele ainda tosse, mas muito pouquinho e em menos quantidade e frequência. Por conta disso as vacinas de 2 meses foram adiadas e ele só vai poder tomar todas elas quando completar 3 meses. Eu fico receosa porque ele não tem defesa nenhuma e depois de uma luta dessas eu fico agora com medo de tudo. Tenho vontade de colocá-lo numa bolha para protegê-lo de todos os males.
Eu soube que está tendo um surto de coqueluche a nível de nordeste. Não só de coqueluche, mas de meningite, de catapora... Aff!!! Mas pelo que ando vendo acho que não é só a nível de nordeste não, é a nível de Brasil mesmo!
Graças a Deus e a Nossa Senhora o pesadelo passou. E como eu não posso colocar o Bruninho numa bolha, vou fazendo o que posso para preservar a saúde dele!
Para quem quiser saber mais sobre a coqueluche clique
aqui. Eu acho que eu tinha que usar o blog como instrumento de divulgação e como meio para que vocês conhecessem e soubessem que ao contrário do que dizem, a doença não está extinta, ela está de volta e poucas pessoas sabem disso ou conhecem os sintomas da coqueluche. Fiquem atentas!
Beijos!